"A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real." Rui Barbosa



terça-feira, 6 de março de 2012

OAB E PARLAMENTARES CRITICAM FALA DE GILMAR MENDES SOBRE FICHA LIMPA


País

OAB e parlamentares rebatem críticas de Gilmar Mendes à Ficha Limpa

"É uma roleta russa feita pelos partidos", reclamou o ministro e ex-presidente do STF  



As declarações do ministro e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, comparando a lei da Ficha Limpa a uma "roleta-russa" e a um "rolo compressor", repercutiram mal entre membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e parlamentares do Congresso Nacional. Além da comparação, Mendes deu a entender que o tribunal teria se curvado à opinião pública, o que, na sua opinião, não deveria ter sido feito.

Para Claudio de Souza Neto, presidente da Comissão Nacional de Estudos Constitucionais da OAB, a decisão do STF não demonstra submissão à opinião pública, e sim que há “um permanente diálogo” com a população.

“Entendo que o STF deve estar permeável à opinião pública. Nunca submetido a ela, mas sempre mantendo um permanente diálogo, e nesse aspecto, a decisão do Supremo de considerar constitucional a Ficha Limpa é positiva”, analisa Claudio. “A lei resulta de uma ampla mobilização popular e, por isso, tem sua constitucionalidade reforçada, além da intenção de promover a moralização da vida política brasileira. Os próprios partidos tenderão a exercer um autocontrole e a evitar que candidatos com ficha suja sejam apresentados”.


Ministro falou mal da lei Ficha Limpa e foi criticado por parlamentares e por representante da OAB
Ministro falou mal da lei Ficha Limpa e foi criticado por parlamentares e por representante da OAB
Para o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), o ministro “fala no lugar de quem perdeu” na decisão do STF. Alegando que a inelegibilidade só poderia atingir quem é condenado de forma definitiva, e que a aplicação da lei deveria valer apenas para fatos ocorridos após sua vigência, Gilmar Mendes foi um dos ministros que votaram contra a constitucionalidade da Ficha Limpa em meados de fevereiro último.

“O Gilmar acha que a Justiça tem o dom de uma imparcialidade desencarnada. Isso é fora da realidade social. Quando alguma causa ganha adesão e unanimidade, como a Ficha Limpa, o Judiciário tem que considerar isso, e reconhecer a justeza desse clamor público”, rebateu o parlamentar. “O Gilmar Mendes fala no lugar de quem perdeu no próprio Supremo, e tem direito de reclamar, mas não o de considerar que o apoio é desavisado ou indevido”.
Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), os parlamentares e a sociedade devem apoiar todo e qualquer "rolo compressor" que seja passado na corrupção brasileira, que prejudica e descredita o processo eleitoral do país.
"A Lei da Ficha Limpa implica, sim, em algum risco de injustiça contra alguns candidatos. Mas estes riscos são eventuais. No geral, o que se vê é uma tentativa de esmagar a corrupção e afastar aqueles que prejudicam o Parlamento por contribuirem com a corrupção", destaca o líder tucano. "Se o Gilmar acha que a Ficha Limpa é um rolo compressor, eu completo: só se for um rolo compressor na corrupção. Ao analisarmos o risco-benefício da Ficha Limpa, há um grande lucro a favor da ética".
Apesar de atuar em cenário político oposto de Alvaro Dias, o líder do PT na Câmara, deputado federal Paulo Teixeira, opina no mesmo sentido.

"A questão da aprovação da lei como constitucional no STF ter atendido à opinião pública não é verdadeira. A lei deve sofrer ajustes, sem dúvida. Mas o Congresso Nacional aprovou, e o STF analisou apenas a sua constitucionalidade. Se a lei é constitucional, deve ser aplicada. O que tiver que ser ajustado será feito pelo Congresso", sentencia o deputado.




Nota do editor: Hoje em dia se exige um Judiciário mais participativo nos meios de comunicação e na sociedade, mais democrático e transparente, contudo não podemos esquecer quem somos e nem de onde viemos.  O Juiz, seja ele de 1ª instância ou que ocupe a posição de Ministro do Supremo Tribunal Federal, culturalmente falando, foi criado para falar nos autos e não em público, por isso mesmo há de sempre se pautar com discrição quando se dirige aos meios de comunicação, sob pena de sua fala representar um estrago desnecessário nos diversos segmentos da sociedade, até mesmo no próprio Judiciário que integra.  Deixemos os holofotes para quem eles devem se voltar, para o Parlamento, os artistas etc, diante da responsabilidade e reflexos negativos que uma fala despropositada de um Órgão do Poder Judiciário pode acarretar.

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