"A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real." Rui Barbosa



sábado, 31 de março de 2012

PRESIDENTES DOS TRIBUNAIS DE JUSTIÇA CRITICAM O CNJ


31/03/2012 - 09h00

Presidentes de tribunais de Justiça criticam CNJ

FLÁVIO FERREIRA
ENVIADO ESPECIAL A MANAUS


Presidentes de Tribunais de Justiça estaduais acusaram o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) de violar a autonomia das cortes por meio de resoluções que contrariam leis estaduais e federais.

Em reunião do 91º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, em Manaus, os magistrados apontaram que as resoluções "invasivas" tratam desde temas da vida administrativa até regras para o preenchimento de vagas de titulares de cartórios.


O presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Otávio Augusto Barbosa, afirmou que "é uma grande dificuldade para o ordenador de despesa quando ele enfrenta as diferenças conceituais entre o CNJ e o tribunal de contas, ficando numa encruzilhada".

O desembargador Leobino Valente Chaves, presidente do TJ de Goiás, disse que no Estado o CNJ determinou uma mudança na forma de distribuir os processos entre varas especializadas, o que contrariou uma lei local.

Segundo Chaves, a questão foi resolvida pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que decidiu que o conselho não poderia interferir no sistema.

O presidente do TJ de São Paulo, Ivan Sartori, propôs ao colegiado um posicionamento público sobre o tema.

A ideia foi acolhida e o texto final do encontro, intitulado Carta de Manaus, trouxe o seguinte enunciado: "Reiterar que a competência legislativa estadual decorre de princípio federativo intangível e não pode ser afetado por resoluções do CNJ".

O desembargador Cláudio Renato Costa, presidente do TJ de Minas, comparou o conselheiro do CNJ a um fiscal aduaneiro. Segundo ele, o conselheiro é mais poderoso até que o fiscal, que pode abrir as malas das pessoas.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1069867-presidentes-de-tribunais-de-justica-criticam-cnj.shtml

sexta-feira, 30 de março de 2012

STJ ADMITE REVER DECISÃO SOBRE ESTUPRO

STJ admite rever decisão sobre estupro

Entendimento de que relação sexual com menor não configura necessariamente crime ainda recebe críticas do governo e do Congresso

29 de março de 2012 | 22h 30
 
O Estado de S. Paulo
 
 
BRASÍLIA - O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler, admitiu nesta quinta-feira, 29, que a Corte pode rever o julgamento em que inocentou um homem que manteve relações sexuais com meninas de 12 anos. Pelo entendimento do tribunal, a relação sexual entre um homem e crianças menores de 14 anos de idade não configura necessariamente o crime de estupro. "É um tema complexo. Foi decidido por uma seção do tribunal. É a palavra do tribunal, mas evidentemente cada caso é um caso. O tribunal sempre está aberto para a revisão de seus julgamentos. Talvez isso possa ocorrer", admitiu Ari Pargendler.

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Na quarta-feira, a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, criticou o resultado do julgamento e defendeu a reversão da decisão. "Quem foi julgada foi a vítima, mas não quem está respondendo pelo crime", afirmou, revoltada. "Essa decisão [DO STJ]constitui um caminho de impunidade."

Hoje, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou ser contrário a essa decisão, mas disse que é preciso respeitar o resultado do julgamento. "As decisões do tribunal têm de ser respeitadas, por mais que eventualmente nós possamos discordar. Eu, como estudioso do Direito, tenho uma posição contrária. Mas o tribunal tem essa decisão. Não sei se ela será mantida, não sei se ela é definitiva. Mas aguardemos", afirmou.

No caso julgado pelo STJ, o homem manteve relações sexuais com menores que se prostituíam havia anos. Por conta disso, conforme a decisão do tribunal, a liberdade sexual das meninas não teria sido violada pelo réu. De acordo com as informações do processo, a mãe de uma das meninas afirmou em juízo que a filha faltava às aulas na escola para fazer programas em troca de dinheiro.

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) classificou a decisão do STJ como uma afronta ao princípio da proteção absoluta de crianças e adolescentes. "O tribunal pressupõe que uma menina de 12 anos estaria consciente da liberdade de seu corpo e, por isso, se prostitui. Isso é um absurdo", afirmou o presidente da associação, Alexandre Camanho. A associação, que planeja uma campanha com instituições públicas e organizações sociais para combater a exploração sexual de menores, considerou que a decisão vai "na contramão" da defesa dos direitos humanos.

Congresso. Já os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que investiga a violência contra a mulher, aprovaram hoje uma nota de repúdio à decisão do STJ. A relatora, senadora Ana Rita (PT-ES), vê desrespeito aos direitos fundamentais das crianças. No texto que será remetido ao Superior Tribunal de Justiça, pede-se a revisão imediata da decisão.
 
 
NOTA DO EDITOR:  Com efeito, já se foi o tempo, pelo que parece, que decisão judicial não se discute, mas sim se cumpre.  Se a Magistratura não se manter firme na caneta, essa moda pode pegar e as decisões judiciais, com o tempo, serão mais políticas do que jurídicas, sujeitas às pressões políticas e da opinião pública.  Ora, decisão judicial se combate com argumentos jurídicos em sede recursal, e não na mídia com apegos populares.  Não temos conhecimento dos fatos, mas sim que houve uma decisão do colegiado do Superior Tribunal de Justiça num sentido, e quem não estiver satisfeito que recorra, o que não podemos permitir é que hajam "revisões" de acórdãos publicados, terminada a jurisdição, por mera pressão política.  Chega !! Tá na hora do Poder Judiciário se impor como um dos poderes da república e exigir respeito às suas decisões que, obrigatoriamente, devem ser todas fundamentadas (CF; art. 93, IX), cabendo aos insatisfeitos interpor o recurso cabível, uma vez que toda e qualquer decisão judicial, a não ser a homologatória de eventual acordo, sempre deixa uma parte insatisfeita e não há como ficar atendendo ao apelo emocional, deixando a questão pessoal interferir indevidamente na questão técnica, sob pena da insegurança jurídica se estabelecer de forma a fomentar o caos.

CACHOEIRA AVISOU SENADOR DEMÓSTENES SOBRE INVESTIGAÇÕES

30/03/2012 - 07h45

Cachoeira avisou senador do DEM sobre investigações, diz PF

DE SÃO PAULO


Investigações da Polícia Federal apontam que o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, repassou informações sobre apurações contra o seu grupo ao senador Demóstenes Torres (DEM-GO), informa reportagem de Fernando Mello, Leandro Colon e Filipe Coutinho, publicada na Folha desta sexta-feira (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).

A Folha obteve 12 mil páginas do inquérito da PF que culminou na Operação Monte Carlo. Ela investigou Cachoeira e mais 80 pessoas, todos denunciados neste mês pelo Ministério de Público Federal sob acusação de explorar máquinas caça-níquel e corromper agentes públicos para manter o negócio.


No inquérito a que a Folha teve acesso, o nome de Demóstenes aparece, por exemplo, num relatório da PF sobre um diálogo gravado com autorização judicial no dia 13 de março do ano passado, às 15h37. Nele, conversam Carlinhos Cachoeira e o sargento aposentado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá --apontado pela Procuradoria como o principal araponga da quadrilha. Ambos estão presos.

De acordo com a PF, eles falavam sobre investigações sigilosas que o grupo sofria à época, quando a Monte Carlo já estava em andamento.


Outro diálogo revela que Demóstenes atuava para ajudar Cachoeira na escolha de integrantes para o governo de Goiás, comandado pelo tucano Marconi Perillo. Em uma conversa no dia 5 de janeiro do ano passado, o empresário menciona duas vezes o nome do senador a um integrante de seu grupo, de acordo com a PF.


Ontem, o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski atendeu a pedido do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e determinou a quebra de sigilo bancário de Demóstenes em relação a um período de cerca de dois anos.

O ministro pediu também ao Senado a lista das emendas ao Orçamento apresentadas por Demóstenes --isso indica que uma de suas linhas de investigação será analisar se o senador utilizou prerrogativas de seu cargo para favorecer Cachoeira.

Leia a reportagem completa na Folha desta sexta-feira, que já está nas bancas.



Sérgio Lima - 27.mar.2012/Folhapress
Demóstenes Torres deixa o Senado na última terça após passar o dia em seu gabinete
Demóstenes Torres deixa o Senado na última terça após passar o dia em seu gabinete



Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1069262-cachoeira-avisou-senador-do-dem-sobre-investigacoes-diz-pf.shtml


Nota do editor:  Cada cabeça é a sua sentença, daí que se apure até o fim o envolvimento ou não do Senador Demóstenes Torres no caso, cabendo também ao CNMP - Conselho Nacional do Ministério Público, se for o caso, mostrar ao que veio, já que o Senador é oriundo do Ministério Público, ou seja, é Promotor de Justiça.  Agora, esperamos que a Polícia Federal e o Governo tenham o mesmo empenho na apuração de todos os supostos delitos praticados por integrantes do partido do governo - como aqueles que a revista Veja vem noticiando regularmente-, para não ficar esse atuar restrito aos que integram a oposição, principalmente em um ano eleitoral, o que pode dar margem a pensamentos maléficos sob o aspecto político, moral e ético.

quinta-feira, 29 de março de 2012

SÓ BAFÔMETRO E EXAME DE SANGUE COMPROVAM EMBRIAGUEZ AO VOLANTE, DIZ STJ

Só bafômetro e exame comprovam embriaguez, diz STJ


Foram cinco votos contra quatro. A ministra Maria Thereza de Assis Moura, presidente da Seção, deu o voto de desempate


TONINHO ALMADA
BAFÔMETRO
Blitz realizada no domingo no Cidade Jardim: dos 197 parados, só 2% se negaram a encarar o bafômetro
A terceira seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu na tarde desta quarta-feira que apenas o teste do bafômetro ou o exame de sangue são aptos a comprovar o estado de embriaguez de motorista para desencadear uma ação penal. Foram cinco votos contra quatro. A ministra Maria Thereza de Assis Moura, presidente da Seção, deu o voto para desempatar a questão. Ela já havia se pronunciado pela exigência do bafômetro para a abertura do processo penal. O STJ começou no dia 8 a julgar a validade de outros meios para comprovar a embriaguez ao volante que não sejam o teste do bafômetro. O ministro Marco Aurélio Belizze considera que o teste não é indispensável. Para ele, permitir a recusa do bafômetro pode estabelecer o direito de delinquir.
Nota do editor: É certo que a embriaguez deixa vestígios, assim como também é certo que ninguém é obrigado a fazer prova contra si mesmo, daí não tem como obrigar o motorista supostamente alcoolizado a realizar o teste do bafômetro em via pública, podendo o exame de sangue feito pelos peritos demorar de tal forma que quando da sua efetiva realização o teor alcoólico já esteja dentro do limite permitido, principalmente se há apreensão se der no meio da noite.  Assim, os vestígios da embriaguez, quando presentes efetivamente, se tornam públicos e notórios pela voz, hálito, forma de se conduzir ao andar em via pública, uma vez que se esse limite legal estiver um pouco acima, com a demora os vestígios desapareceram, como ocorre com a rubefação que admite prova testemunhal, como, entendemos, deveria ser admitido nos casos de embriaguez no volante, na falta de perícia técnica ou o teste do bafômetro.  Em sendo decisão por maioria, está aberta a discussão perante os tribunais e juízos de primeira instância visando construir e solidificar jurisprudência a respeito, uma das fontes do direito. Entretanto, tecnicamente, não podemos deixar de consignar que o teor alcoólico é elementar do tipo penal, daí a maioria ter votado que só o bafômetro e o exame de sangue comprovam a embriaguez ao volante.  Não podemos esquecer que na atualidade, diferentemente de outrora, a política criminal integra a dogmática penal.

O PODER JUDICIÁRIO DO RIO DE JANEIRO

dr. Pintassilgo

O Poder Judiciário do Rio de Janeiro

segunda-feira, 26 de março de 2012

SER HONESTO E TRABALHADOR NÃO FAZ MANCHETE, É OBRIGAÇÃO !


Ser honesto e trabalhador não faz manchete, é obrigação


Quem produz mais de 22 milhões de sentenças em um ano não pode ser chamado de vagabundo ou bandido. Nós, juízes, trabalhamos com a verdade e com a Constituição nas mãos e, por essa razão, sabemos distinguir uma coisa da outra: bandidos e vagabundos são aqueles que querem impedir os juízes de julgar, os ameaçam, atacam e, às vezes, os matam pelo simples fato de estarem trabalhando pelo direito, pela cidadania e paz social.

De acordo com os dados do CNJ, a magistratura brasileira produziu, no ano passado, 22,7 milhões de sentenças, solucionando conflitos, num ritmo de trabalho que não tem hora para começar ou acabar, e sem direito a hora extra. Até porque toda a hora, de dia, madrugada ou final de semana, é hora de fazer Justiça; caso contrário, alguém pode ser preso injustamente, ou ainda, fugir antes de uma ordem de prisão.

As generalizações são proibidas para o magistrado, porque através delas acaba se atingindo a honra de um universo imenso de pessoas, que nem mesmo podem saber do que são acusadas e apresentar suas defesas.

Afirmar que governadores, presidentes de Assembleias Legislativas, presidentes dos Tribunais de Contas e presidentes dos Tribunais de Justiça dos Estados são autoridades conluiadas para lesar os cofres públicos é, numa só frase, ofender os três poderes da República, ignorando por completo que o descrédito dos poderes do Estado, já produziu em muitos países verdadeiro caos social.

Evidentemente, que podem ocorrer desvios, e eles ocorrem, mas tenho a certeza que a própria magistratura não os quer. Não queremos maus juízes entre nós, nem acobertamos coisas erradas. Nós, juízes, trabalhamos com a verdade, com as leis e a Constituição na mão, com independência, em defesa do direito e da cidadania.

Promover o Estado de Direito, ouvir os dois lados e sempre guardar o amplo direito constitucional de defesa são nossos deveres de ofício.

Queremos saber quem são a meia dúzia de vagabundos ou de bandidos, acusados publicamente sem nenhuma possibilidade de defesa, para saber o que eles fizeram, abrir um processo investigativo e conceder o direito de resposta. Após tudo isso, confirmado o desvio, seremos os primeiros a pedir a expulsão dos maus juízes. Mas cabe a quem denuncia, apontar quais são.

O que se sabe, até agora, após toda a cena acusatória, é que fizeram uma quebra de sigilo fiscal e bancário monstruosa, durante mais de dez anos, de 216 mil pessoas pelo fato de serem juízes, parentes deles ou servidores ligados ao Judiciário; e que, ainda que ilegal, a investigação apontou apenas 369 movimentações atípicas nestes dez anos, todas elas devidamente investigadas pelas autoridades competentes, o que não quer dizer que sejam ilegais e que sejam de juízes. Ou seja, além do CNJ, o Coaf (órgão de inteligência do Ministério da Fazenda) está dizendo que 99,8% dos magistrados são profissionais honestos e íntegros.


O que está ocorrendo é uma inversão de valores: esses 0,2,% de movimentações atípicas, ou desvios, não retratam a magistratura brasileira. É muito fácil apontar o dedo em riste apenas para, numa ação midiática, fazer manchetes sem compromissos com a normalidade e a ordem constitucional e ao direito de defesa.

Em toda a sua existência de sete anos, o CNJ puniu apenas 49 magistrados dos 17 mil de todo o país. Isso é um atestado de integridade para o qual não precisamos fazer arroubo, até porque essa é a nossa obrigação e, como tal e por isso mesmo, não tem apelo midiático nem faz manchetes.

É preciso destacar que o CNJ, presidido pelo ministro César Peluso, é e deve ser órgão plural e democrático, e todo o seu trabalho como órgão de controle administrativo do Poder Judiciário não pode empanar aquilo que é patrimônio de países civilizados e democráticos, qual seja tribunais e juízes independentes.

Todos somos comprometidos com um Brasil melhor, que tal ingressarmos na estrada do sim, sem arroubos, com a responsabilidade e com a discrição peculiar que se espera de cada magistrado brasileiro, seja ele quem for, esteja onde estiver. O futuro merece respeito!
 

Leia mais na Edição Eletrônica


(*) Presidente da AMB e desembargador do TJSP


Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/colunas-artigos-e-blogs/semanais/direito-hoje-1.369277

STF: 10% DOS CASOS ESTÃO PARADOS HÁ MAIS DE DOIS ANOS



26/03/2012 - 06h59

10% dos casos no Supremo estão parados há mais de 2 anos

FELIPE SELIGMAN
LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA


Existem hoje no STF (Supremo Tribunal Federal) cerca de 7.500 processos que há mais de dois anos ainda não tiveram nenhuma decisão.

Neste universo, que representa mais de 10% dos casos em tramitação, encontram-se ações ou recursos que aguardam um posicionamento da corte desde a década de 80.


O acúmulo de processos e a morosidade do Poder Judiciário são conhecidos. Mas, a partir de hoje, é possível qualificar a realidade do tribunal.

Por iniciativa do presidente do STF, Cezar Peluso, e aprovação de seus colegas, o Supremo decidiu se adiantar à Lei de Acesso a Informações, que entra em vigor em maio, e passa a divulgar dados estatísticos sobre os processos que tramitam na corte.

Pela primeira vez, o STF a quantidade de processos no gabinete de cada ministro, quantos aguardam parecer da Procuradoria-Geral da República ou a data em que foram protocolados. As informações estarão disponíveis em http://www.stf.jus.br/.

"Isso facilitará o trabalho de gestão do tribunal. É possível saber, por exemplo, quantos processos o Supremo deve julgar para zerar a quantidade de casos que chegaram antes de 1990", diz Maria Cristina Petcov, secretária-geral da presidência.

A Folha teve acesso a todas essas informações, que serão atualizadas diariamente. Cerca de 63 mil casos estavam tramitando no Supremo até a última quinta-feira.

Apenas 28% deles são ações iniciadas diretamente no STF por serem de competência exclusiva do tribunal. O restante chegou de instâncias inferiores. Deste total, quase 40% constam como "sem nenhuma decisão", mas a maioria deu entrada na corte nos últimos dois anos.

No mês passado, a Folha publicou o caderno "A Engrenagem da Impunidade", revelando que uma série de erros e omissões de magistrados, procuradores e policiais federais é o motivo pelo qual nunca chegam ao fim os processos criminais contra políticos brasileiros.

Desde então, o jornal divulga a íntegra desses inquéritos ou ações penais, iniciativa que faz parte do projeto "Folha Transparência".

No caso do STF, as informações são estatísticas e dizem respeito a todo o tipo de processo, não só os criminais.

Os dados mostram, por exemplo, que mais de 4.000 processos aguardam a análise do procurador-geral da República para que possam ter andamento no tribunal.

MINISTROS

Essa sobrecarga acontece até mesmo quando os ministros anunciam que estão prontos julgar os processos.

Em outubro de 2000, o ministro Marco Aurélio Mello avisou que um recurso vindo de São Paulo poderia ser levado ao plenário. Até hoje isso não aconteceu.

Esse e outros 658 casos estão liberados para serem incluídos na pauta, mas aguardam na fila de julgamentos.

As informações também revelam que o ministro com o maior acervo de processos é Marco Aurélio, com 9.003 casos. Ele, no entanto, é um dos únicos que não aceita convocar juízes auxiliares para o ajudar na análise dos casos.

Em seguida estão José Antonio Dias Toffoli (8.523) e Joaquim Barbosa (8.247). Já os ministros com menos processos em seus gabinetes são Ricardo Lewandowski, com 2.882, e Carmen Lúcia, que tem um acervo de 2.872.


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1067091-10-dos-casos-no-supremo-estao-parados-ha-mais-de-2-anos.shtml

domingo, 25 de março de 2012

MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO ELEGE PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA

Ministério Público elege Felipe Locke para procurador-geral de Justiça

Ser o mais votado, porém, não garante a nomeação para o cargo; escolha depende de Alckmin

24 de março de 2012 | 17h 17
Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Em votação apertada, o Ministério Público elegeu neste sábado, 24, Felipe Locke Cavalcanti para procurador-geral de Justiça de São Paulo. Candidato da oposição, ele recebeu 894 votos de um universo de 1.730 promotores e procuradores que votaram em todo o Estado. É a primeira vez que um rival da situação vence o pleito no voto.

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Felipe Locke é candidato da oposição - Divulgação
Divulgação
Felipe Locke é candidato da oposição

A vitória do procurador Felipe Locke é atribuída principalmente a uma promessa que reiterou em todas as 300 promotorias que visitou na campanha: vai enviar diretamente à Assembleia Legislativa, independente do Órgão Especial – colegiado de cúpula do MP –, projeto que autoriza promotor também a concorrer ao cargo máximo da instituição, hoje prerrogativa de procurador.

O procurador Márcio Elias Rosa, candidato da situação, ficou em segundo lugar, com 838 votos, 56 a menos que Locke. Em terceiro, o procurador Mário Papaterra, também da oposição, com 445 votos.

A eleição no Ministério Público é plurinominal. Cada eleitor pode dar três votos, ou seja, escolher três nomes. Tem a opção de escolher um só, ou dois, ou três. Considerando a quantidade de votos acumulados, Locke ficou em primeiro. Mas, no ‘voto seco’ – os que votaram em um só candidato –, Rosa venceu, com 641 votos, e Locke ficou com 528. O que vale, no entanto, é o resultado total.

A lista tríplice será submetida ao crivo do governador Geraldo Alckmin. A Constituição confere ao chefe do Executivo poderes para escolher o mandatário do Ministério Público. Alckmin tem 15 dias para decidir. A tradição manda que o primeiro colocado ocupe a cadeira número um. O indicado herdará o maior do Ministério Público do País, com orçamento de R$ 1,5 bilhão.

Felipe Locke, de 47 anos, integrou o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em duas gestões. Ele ingressou no MP em 1988. Foi assessor dos três últimos procuradores-gerais. Sua primeira medida, se referendado pelo Palácio dos Bandeirantes, será "desburocratizar o Ministério Público". Segundo ele, a "burocracia é uma queixa e isso leva a população a não ser bem atendida.”

Ele acredita que seu triunfo se deve “à alegria de ser promotor de Justiça”. Locke se classificava como “candidato independente”. “Foi uma vitória do conteúdo, do carisma e da humildade”, define o promotor Marcelo Rovere, do 1.º Tribunal do Júri. Locke planeja ampliar a estrutura física, de pessoal e de carreira da instituição. “Temos que dar força à presença político institucional do MP, opinar enfaticamente sobre mudanças legislativas.”

Foi com base em um voto seu, no Conselho Nacional de Justiça, que em 2011 foi aprovada a Resolução 133 - ¬ norma que prevê a extensão para a magistratura de benefícios e vantagens concedidas ao Ministério Público.

Amparado nessa resolução, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Ivan Sartori, editou nesta quinta feira, 22, portaria que manda pagar a todos os juízes e desembargadores do Estado o auxílio alimentação reatroativamente a abril de 2006 ¬ - estima-se que o valor acumulado do crédito alcance R$ 145 milhões. 
 
O procurador Felipe Locke disse que vai precisar do apoio do procurador-geral Fernando Grella Vieira. “O trabalho de qualquer procurador-geral deve ser um trabalho pensando no futuro, mas nunca esquecendo do passado.”

Fernando Grella Vieira cumpriu dois mandatos consecutivos como procurador geral de Justiça. Ele é recordista de votos nas eleições do Ministério Público. Grella apostou na valorização dos promotores, democratizou processos internos e pacificou a instituição. Encorpou as instalações físicas das promotorias – eram 9 prédios próprios em 2008, agora são 30.

Relatório de gestão e prestação de contas da administração Grella mostra que ele promoveu desconcentração dos poderes do chefe da instituição, criando quatro cargos de subprocurador, criou a ouvidoria e a Câmara Especializada em Crimes de Prefeitos, ampliou o quadro de segunda instância e reorganizou a Corregedoria Geral – cortou os poderes plenos que eram conferidos ao corregedor.

Grella também investiu muito em tecnologia para combate ao crime organizado – adquiriu o sistema Guardião, máquina de escuta telefônica celebrizada pela Polícia Federal.

Mas uma medida de Fernando Grella, que não abriu mão de uma política de enxugamento de gastos da instituição, pode ter desagradado parte dos promotores – ele realizou significativa redução das despesas com diárias e verba de gratificação de acumulação.



Nota do editor: Esperamos que os demais Tribunais de Justiça dos Estados que ainda não o fizeram, cumpram na íntegra a Resolução n 133 do CNJ, seguindo o exemplo do TJSP

MENSALÃO TERÁ PRESCRIÇÃO DE PENAS

Mensalão terá prescrição de penas, diz Lewandowski
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FÁBIO BRANDT
DE BRASÍLIA

Réus do mensalão terão algumas de suas penas prescritas antes do fim do julgamento, ainda sem data para terminar, afirmou nesta terça-feira (13), o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal).


O processo do mensalão no STF tem 38 réus. O ministro relator do caso, Joaquim Barbosa, ainda deve terminar seu relatório. Quando isso ocorrer, Lewandowski deverá revisar o processo. Só então poderá ser marcado o julgamento pelo plenário do STF.

"Terei que fazer um voto paralelo ao voto do ministro Joaquim. São mais de 130 volumes. São mais de 600 páginas de depoimentos. Quando eu receber o processo eu vou começar do zero. Tenho que ler volume por volume porque não posso condenar um cidadão sem ler as provas", disse Lewandoski.

O ministro falou sobre o assunto no programa "Poder e Política - Entrevista", conduzido no estúdio do Grupo Folha em Brasília pelo jornalista Fernando Rodrigues. O projeto é uma parceria da UOL e da Folha.

Questionado sobre as chances de o julgamento do mensalão acabar em 2012, Lewandoski disse: "Não tenho uma previsão clara". Ele também afirmou que "com relação a alguns crimes não há dúvida nenhuma que poderá ocorrer a prescrição".

Sobre a possibilidade de alguns réus não terem nenhuma punição, o ministro afirmou que "essa foi uma opção que o Supremo Tribunal Federal fez".

Segundo ele, se só os réus com foro privilegiado fossem julgados pelo STF "talvez esse problema da prescrição não existiria por conta de uma tramitação mais célere".

O tribunal, no entanto, decidiu incluir em seu julgamento até os réus que não têm cargo eletivo e poderiam ser julgados pela Justiça comum.

A seguir, vídeo com a íntegra da entrevista. A transcrição está disponível em texto.





Nota do editor: Em face do que dispõe o art. 36, III, da LOMAN - Lei de Organização da Magistratura Nacional (Lei Complementar n. 35 de 14/03/1979, deixo de me pronunciar.

sexta-feira, 23 de março de 2012

NÃO HÁ PRERROGATIVA DE FORO PARA MAGISTRADO APOSENTADO



Prerrogativa
Magistrados aposentados não têm direito a prerrogativa de foro
O plenário do STF, por maioria dos votos, negou prerrogativa de foro a dois desembargadores aposentados, que pretendiam o reconhecimento do direito de função após a aposentadoria. Para o ministro Ricardo Lewandowski, relator dos RExts 549560 e 546609, a prerrogativa somente se aplica aos membros ativos da carreira.
Lewandowski ressaltou que a prerrogativa, não deve ser confundida com privilégio. "O foro por prerrogativa de função do magistrado existe para assegurar o exercício da jurisdição com independência e imparcialidade".
O RExt 549560, cujo julgamento iniciou-se em maio de 2010 e foi suspenso para aguardar a composição completa da Corte, foi interposto por um desembargador aposentado do Ceará que respondia a ação penal por supostos delitos praticados no exercício da função. Devido à prerrogativa de foro, a ação penal foi instaurada pela Corte Especial do STJ. Após a jubilação do desembargador, os autos foram remetidos à Justiça estadual do CE.
Em situação semelhante, no RExt 546609, um desembargador do TJ/DF respondia, também no STJ, a ação penal por suposta participação em esquema para a liberação de preso acusado de tráfico de drogas. Com a aposentadoria, o STJ remeteu os autos à Justiça Criminal de primeiro grau do DF.
Nos recursos ao STF, as defesas dos desembargadores pretendiam o reconhecimento do direito a que as ações penais continuassem a ser julgadas pelo STJ. A alegação principal era a de que o cargo do magistrado, de acordo com o inciso I do artigo 95 da CF/88, é vitalício. Isso garantiria ao magistrado a vitaliciedade mesmo após a aposentadoria.
O voto do ministro Lewandowski foi seguido, nos dois recursos, pelos ministros Rosa Weber, Cármen Lúcia, Joaquim Barbosa, Ayres Britto, Marco Aurélio e Celso de Mello. Ficaram vencidos, no RExt 549560, os ministros Eros Grau e Menezes Direito (que participaram da primeira sessão de julgamento, em 2010) e Gilmar Mendes e  Peluso. No RExt 546609, ficaram vencidos os ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Peluso. O ministro Luiz Fux, que participou do julgamento quando integrante da Corte Especial do STJ, estava impedido.

Fonte: http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI152359,101048-Magistrados+aposentados+nao+tem+direito+a+prerrogativa+de+foro

quarta-feira, 21 de março de 2012

PRESIDENTE DO TJSP DESAFIA MINISTRA DO CNJ A MOSTRAR CONTRACHEQUE

Presidente do TJ-SP desafia ministra do CNJ a mostrar contracheque

Ivan Sartori promete divulgar seus vencimentos caso Eliana Calmon faça o mesmo

20 de março de 2012 | 22h 30
 
 
Fausto Macedo, de O Estado de S. Paulo
 
 
SÃO PAULO - Com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no encalço do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, presidente da maior corte do País, com 360 desembargadores, fez nesta terça-feira, 20, um desafio à ministra Eliana Calmon, corregedora nacional da Justiça: “Eu até me disponho, se ela quiser mostrar o holerite junto com o meu, eu mostro, os dois juntos. Por que vocês não propõem isso?”, disse a jornalistas que recebeu em seu gabinete.

Veja também:

Sartori diz que não aceita o termo ‘investigação’, que coloca todos sob suspeita - Marcio Fernandes/AE - 02/12/2012
Marcio Fernandes/AE - 02/12/2012
 
Sartori diz que não aceita o termo ‘investigação’, que coloca todos sob suspeita
 

A sugestão se deu em meio a um longo desabafo por causa da apuração do CNJ, que mira contracheques milionários concedidos a alguns magistrados paulistas. A verificação do conselho incluirá pesquisas por amostragem no quadro de desembargadores em todo o País. “Não admito ser colocado como suspeito”, reagiu Sartori.

Calmon não quis comentar. Por sua assessoria informou que seu holerite é público. O CNJ decidiu em fevereiro retomar o levantamento na folha de pagamento dos tribunais, depois que venceu no Supremo Tribunal Federal (STF) a queda de braço com as entidades da toga, que se opõem ao rastreamento.

A inspeção havia sido deflagrada em dezembro com base em dados do Conselho de Controle de Atividade Financeira (Coaf)- essas informações, no entanto, não mais poderão ser usadas pelo CNJ, por decisão do ministro do STF Luiz Fux.

A atuação do CNJ abrange diversos tribunais, não apenas o de São Paulo. O Conselho destacou que não são todos os desembargadores que serão analisados. O trabalho será por amostragem.

‘Todos bandidos’. Sartori não aceita o termo “investigação”, que em sua avaliação implica suspeitas sobre ele e seus pares.

“Investigar é indício, quer dizer que todos somos suspeitos? Estamos sendo indiciados? Eu vou ser investigado?” Ele disse que “a Justiça está conspurcada”. “Talvez sejamos todos bandidos.”

O desembargador tem um encontro marcado na quarta-feira, 21, com a ministra. Eles vão tratar de precatórios, imbróglio que atormenta multidão de credores. “Amanhã estarei lá, estarei com a ministra. Vou ver o que ela falou”, declarou Sartori, referindo-se às informações sobre os próximos passos do CNJ. “Isso vai ser apurado muito bem.”

Sartori tem procurado agir em parceria com a corregedora nacional da Justiça. Logo que tomou posse, em janeiro, tomou a iniciativa de abrir procedimentos de caráter administrativo para apurar as condições em que foram concedidos pagamentos antecipados a 211 magistrados.

Desse grupo, 29 receberam acima de R$ 100 mil. Cinco foram contemplados com somas superiores a R$ 600 mil - um ex-presidente do TJ recebeu R$ 1,44 milhão; outro ex-presidente embolsou R$ 1,26 milhão. “As verbas são devidas, têm natureza trabalhista, não houve lesão ao erário”, ressalva o presidente do TJ.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,presidente-do-tj-sp-desafia-ministra-do-cnj-a-mostrar-contracheque,851094,0.htm
 
 
Nota do editor: Até bem pouco tempo atrás foi noticiado que a Ministra Eliana Calmon teria recebido cerca de R$ 420.000,00 (quatrocentos e vinte mil reais) de atrasados de auxílio-moradia, no que, quando indagada pela imprensa, disse que era tudo devido, no que acreditamos por achar estranho que uma fonte pagadora fosse pagar o que não fosse, mas daí a se fazer alarde na imprensa sobre o acima citado, sem a cautela inerente aos membros do Judiciário, dá a idéia bastante negativa para o leigo, para imprensa sensacionalista e para aqueles que não simpatizam com o Judiciário, certamente por terem sofrido no passado alguma derrota, sobre todos os magistrados que compõem o Eg. TJSP e todos os demais, maculando as suas imagens perante a opinião pública. 

PRESIDENTE DO TJSP: INSPEÇÃO DO CNJ NÃO É INVESTIGAÇÃO


21/03/2012 - 09h01

Presidente do TJ-SP diz que inspeção do CNJ é 'apuração de rotina'

FLÁVIO FERREIRA
DE SÃO PAULO


O presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ivan Sartori, afirmou ontem que a inspeção do Conselho Nacional de Justiça na corte não pode ser chamada de investigação e deve ser descrita como uma apuração de rotina.

Ontem a Folha revelou que a inspeção do CNJ feita no tribunal em dezembro tinha como foco 70 desembargadores, mas foi ampliada para os 354 integrantes da corte.


Eduardo Anizelli - 2.jan.2012/Folhapress
Presidente do TJ paulista rebate termo utilizado pelo CNJ

Presidente do TJ paulista rebate termo utilizado pelo CNJ


Segundo Sartori, o termo "investigação" tem que ser "riscado por enquanto". "Você até pode usar esse termo nos casos das antecipações [suspeitas de pagamentos privilegiados] de cinco desembargadores, mas, em relação aos outros, o que existe é uma apuração [...], uma verificação de rotina sobre exatidão de cálculo."

Sartori disse que no final de 2011 o CNJ recolheu todas as declarações de renda enviadas à Receita Federal de todos os desembargadores e a folha de pagamento completa do TJ, e isso seria verificado pela conselho dentro de uma rotina que seria repetida em 21 tribunais do país.

O presidente do TJ disse que o texto da Folha sobre a inspeção estava correto, mas que o uso do termo "investigar" na manchete do jornal provocou indignação nele e em outros desembargadores.

Sartori ameaçou processar a Folha. "Se vocês não se retratarem, não explicarem direitinho isso aí, vão receber 354 ações. Eu vou acionar e vou ganhar uma boa grana de vocês. E vocês vão ter que pagar para todos os 354 [desembargadores]. Pode pôr no seu texto", afirmou.




Nota do editor: Gostei ! Senti firmeza nas últimas palavras do Presidente do TJSP.

terça-feira, 20 de março de 2012

CURSO DE CAPACITAÇÃO JUDICIAL PARA ATENDIMENTO A USUÁRIOS DE DROGAS

Curso capacitará Justiça para atendimento a usuários de drogas


20/03/2012 - 00h00

Cerca de 15,7 mil magistrados e servidores do Judiciário serão capacitados para garantir atendimento adequado a usuários e dependentes de drogas nos Juizados Especiais Criminais e nas Varas de Infância e Juventude de todo o país. A abertura oficial do curso será nesta quarta-feira (21/3), a partir das 10h, em cerimônia no plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O evento, que será transmitido pela Internet, contará com a participação do presidente eleito do CNJ, Ayres Britto, da corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

A formação à distância, resultante de uma parceria entre a Corregedoria Nacional de Justiça, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e a Universidade de São Paulo (USP) visa à criação de equipes multidisciplinares compostas por juízes, assistentes sociais e psicólogos, capacitados a realizar o primeiro contato com os usuários, após a passagem pela polícia. A medida, prevista nos Provimentos 4 e 9 da Corregedoria Nacional e na Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), já é adotada em algumas unidades do Judiciário com resultados satisfatórios.

No Juizado Especial Criminal da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ), por exemplo, o atendimento prestado por uma equipe multidisciplinar possibilitou que cerca de 40% dos usuários de drogas envolvidos em ações criminais nos últimos quatro anos fossem encaminhados a tratamento, de forma voluntária. Segundo o juiz titular do juizado, Joaquim Domingos de Almeida Neto, esse resultado foi possível graças a uma parceria com o Programa de Estudos e Assistência ao Uso Indevido de Drogas (Projad) da Universidade Federal do Estado (UFRJ).

Com o apoio do programa, os usuários ou dependentes de drogas, ao serem detidos, participam de uma audiência coletiva no juizado criminal, em que recebem informações sobre a legislação que rege esse tipo de crime, a linha tênue que separa o usuário do traficante e as possibilidades de tratamento. Nessa etapa, psicólogos, psiquiatras da universidade, assistentes sociais, defensores públicos e promotores atendem tanto os usuários quanto os familiares. “O objetivo é abrir uma janela de oportunidade ao dependente, fazer uma pressão positiva para que ele decida aderir ao tratamento”, explica o magistrado.

Na sequência, é feita uma audiência individual com cada usuário e o juiz aplica a pena, que pode ser advertência, prestação de serviços sociais à comunidade e medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo, dependendo da infração. “A partir da parceria com o programa da Universidade conseguimos implantar um atendimento multidisciplinar com custo zero para o juizado”, destaca Almeida Neto.

A experiência do Juizado Criminal da Barra da Tijuca é apenas um dos casos que será apresentado aos inscritos na formação. As aulas são todas pela internet, em que cada aluno acessa o conteúdo teórico, participa de fóruns de debate e videoconferências, além de contar com apoio de um tutor. O curso terá 120 horas/aula e duração máxima de três meses. O objetivo é contribuir para o cumprimento dos Provimentos 4 e 9, da Corregedoria Nacional, que definem medidas com vistas à eficácia da atividade judiciária na atenção, proteção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas.

A capacitação também contribui para dar maior efetividade à Lei 11.343/2006, que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e reconheceu a distinção entre usuários e traficantes, prevendo tratamento e penalidades diferenciadas para cada um desses crimes. Mais informações sobre o curso podem ser obtidas no endereço www.operadoresdodireito.senad.gov.br.

Mariana Braga
Agência CNJ de Notícias


Fonte:
http://www.cnj.jus.br/


Nota do Editor: Estamos inscritos, e você ?

segunda-feira, 19 de março de 2012

DIVERSIDADE

Explicando juízes a jornalistas, e vice-versa


Sob o título “Diversidade”, o artigo a seguir é de autoria da Juíza Carolina Nabarro Munhoz Rossi, de São Paulo. Foi publicado originalmente no site “Judex, Quo Vadis?”

Fiz a faculdade de Direito junto com a de Jornalismo e me tornei juíza pela total impossibilidade de ser qualquer outra coisa. Amo o que eu faço e não me vejo fazendo qualquer outra coisa. Estudei muito para passar no concurso, abdiquei de levar uma vida normal por certo tempo mesmo tendo dúvida de ter êxito porque não podia imaginar função mais bela que a de julgar, a de pacificar os conflitos, tornando as pessoas mais felizes…

Depois de quase treze anos de profissão continuo tão apaixonada pelo que eu faço quanto quando decidi me dedicar a esse trabalho, mas tenho que admitir que no mais das vezes, já fico bastante satisfeita quando consigo tornar as pessoas um pouco menos infelizes…

Tarefa difícil essa de julgar. Não se pode querer agradar as pessoas sob pena de se cometer injustiças injustificáveis.

Descobri que não é tarefa do juiz pacificar nem fazer ninguém feliz e que no mais das vezes tornamos ambas as partes que nos procuram, em busca da solução para o impasse que está naquele processo, infelizes.

A verdade é que as pessoas talvez até acreditem que a solução do processo lhes devolverá a paz ou lhes trará felicidade, mas isso raramente acontece. Mesmo quem ganha a ação, não consegue fazer o tempo voltar, e certamente já não é mais aquela pessoa que foi ofendida e buscou, através do Judiciário, que as coisas voltassem a ser o que eram.

Porque geralmente o que se busca é isso.

Que as coisas voltem a ser o que eram.

Que o inquilino volte a pagar o aluguel, que o nome volte a ter valor, que o criminoso seja punido e se tenha novamente a sensação de paz de antes da quebra da ordem social…

Mas nenhuma sentença faz o tempo voltar e o processo leva um tempo que geralmente as pessoas não têm porque tempo é o bem mais precioso que temos nos dias de hoje.

E a cada dia que passa, a pessoa muda um pouco e aquela pessoa que queria aquela reparação vai deixando de existir e quando a reparação chega, chega para alguém que já não se sentirá reparado por ela.

Como tenho amigos da área jurídica e jornalística em igual número, passo muito tempo tentando explicar os jornalistas aos juízes e os juízes aos jornalistas. Não sei se consigo.
Meus amigos jornalistas costumam dizer que nem todos os juízes são comprometidos como eu. A maioria não conhece outros juízes além de mim, mas ainda assim, não tem uma imagem muito boa da magistratura. Quando pergunto a razão, sempre me contam algum caso de algum processo que demorou demais, de alguma sentença não acharam justa ou de algum juiz inacessível à imprensa.

Já meus amigos juízes reclamam das matérias que divulgam fatos que sabemos serem inverídicos, com dados maquiados e conclusões tendenciosas, mas que todos sabemos serem baseadas em fontes da área jurídica que desfrutam de prestígio na imprensa, talvez até por serem mais acessíveis que os próprios magistrados…

Não nego que essas situações igualmente me decepcionam, mas consigo enxergar o que há por trás do que se apresenta.

Entendo a frustração de alguém que acredite ter direito e não tenha esse direito reconhecido, ou o tenha reconhecido, mas o juiz entenda que isso não tem valor econômico, por exemplo, mas isso não significa que esse juiz não tenha estudado o processo e ouvido ambas as partes,ou o pior, que tenha sido “comprado” pela parte contrária, como muitas vezes já ouvi insinuarem.

Conto nos dedos algum caso que tenha ouvido de juiz estadual paulista corrupto em todos esses anos de carreira e os que ouvi, foram devidamente punidos, nos termos da lei e não são mais juízes.

No caso acima, o juiz julgou de acordo com o entendimento dele e a lei assim o prevê. Outros juízes decidirão de forma diferente, talvez, e a decepção com um juiz não pode atingir a todos. Uma amiga delegada outro dia parou para ajudar dois rapazes que se acidentaram em uma motocicleta e foi assaltada. Isso não significa que ela não deva mais ajudar ninguém porque sempre será assaltada, significa?

Outro dia um senhor em uma cadeira de rodas bateu no vidro do meu carro, me pedindo dinheiro. Eu não tinha dinheiro, mas tinha um pacote fechado de torradinha na bolsa. Abri o vidro e ofereci a ele. Ele recusou e me olhou com uma expressão de raiva que me chocou. Fiquei chateada, mas não vou deixar de dar comida a outro que me pedir por causa dele.

Quero dizer com isso que as pessoas são diferentes. Que os valores das pessoas são diferentes e não poderia ser diferente com o juiz que também vive em sociedade e imerso nesses mesmos valores. Os juízes não são robôs programados para pensar e decidir igualmente.

Isso não é ruim. É assim que se muda a jurisprudência, que se oxigena o entendimento das leis.

Enquanto tivermos juízes preocupados em aplicar as leis e ouvir as pessoas, estudando cada caso com a atenção que merece e jornalistas preocupados em verificar a veracidade das informações antes de divulgá-las, considerando o efeito que elas terão sobre as pessoas, ambos se conduzindo com responsabilidade, com ética e principalmente com respeito para com a carreira que escolheram, cientes dos compromissos que assumiram com a sociedade, agindo com verdade, não há como não acreditar que tanto o Judiciário como a Imprensa conseguirão se depurar, expelindo os maus profissionais, e sair ainda mais fortes dessa crise pela qual ambos vêm passando, porque o que os sustenta são as pessoas que os compõem.


Fonte: http://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2012/03/19/explicando-juizes-a-jornalistas-e-vice-versa/comment-page-1/#comment-1876