"A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadeira lei da igualdade... Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualdade, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real." Rui Barbosa



terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ATAQUES À JUSTIÇA SÃO TRAIÇÃO À NAÇÃO


Hoje às 17h39 - Atualizada hoje às 21h08


Editorial - Ataques à Justiça são traição à nação


O Supremo Tribunal Federal julga, nesta quarta-feira, a ação direta de inconstitucionalidade que pede que se estabeleçam limites nas competências do Conselho Nacional de Justiça.


Na sessão, que marcará a abertura dos trabalhos do Judiciário este ano, os integrantes do tribunal definirão se confirmam ou não liminar concedida em dezembro pelo ministro Marco Aurélio Mello.


Em meio às discussões sobre o tema, várias correntes se posicionam, deixando à mostra artimanhas obscuras que insuflam ataques duvidosos ao Judiciário e à casa maior da justiça brasileira.


E esses ataques se tornam ainda mais graves quando partem de integrantes da própria Justiça.


Qualquer tentativa de insuflar o povo contra sentenças, se parte da imprensa, não é bom; se parte de leigos - como sindicatos ou instituições sociais -, também não é bom; mas não pode, de forma alguma, partir do próprio judiciário.


Não é apenas traição à Justiça. É traição à nação.


Tags: ataque, cnj, editorial, justiça, STF




PRESIDENTE DA OAB/RJ É CRÍTICADO POR JURISTAS




30/01 às 18h00 - Atualizada em 30/01 às 18h33



Presidente da OAB-RJ é criticado após comentar liminar do STF sobre o CNJ



Wadih Damous afirmou que crédito do STF depende de parecer favorável ao CNJ




O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), Wadih Damous, foi duramente criticado por juristas brasileiros após afirmar que "se o STF mantiver a liminar contra o CNJ, o Judiciário cairá de descrédito total com a população, que já o considera arrogante, antidemocrático e sem transparência".(Grifo nosso)



Wadih se refere ao julgamento da liminar concedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, em dezembro de 2011, que suspendeu o poder "originário" de investigação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra magistrados, determinando que o órgão só pode atuar após as corregedorias locais. Os ministros do STF devem votar a liminar na próxima quarta-feira, 1º de fevereiro. (Grifo nosso)



De acordo com o ex-ministro do STF entre 1986 e 1992 e ex ministro da Justiça durante o governo Collor, Célio Borja, o presidente da OAB-RJ foi "injusto e nada realista". Para Borja, que também presidiu a Câmara dos Deputados na década de 1970, as declarações de Wadih "atentam contra o Estado Democrático de Direito". (Grifo nosso)



“O conceito do STF é muito elevado. O povo confia nele, mesmo sabendo que todos somos falíveis”, analisou. “Não se pode fazer juízo, nem acusações infundadas sobre o Judiciário se um de seus integrantes comete um erro, ou se uma Corte age com inércia ou incúria. Isso é juízo temerário”.


Quem também se levanta contra a declaração de Damous é o jurista e professor da Faculdade Paulista de Direito Celso Antônio Bandeira de Mello, que diz discordar "completamente” do presidente da OAB-RJ. Bandeira de Mello foi um dos que, em 2003, pediram o impeachment do então vice-presidente do STF, Nelson Jobim, por este ter admitido a inclusão, na Constituição, de artigos que não teriam sido votados em plenário.(Grifo nosso)


“Quem não respeita o Judiciário termina sem democracia”, avaliou Bandeira de Mello sobre a declaração de Damous. “E não existe nenhum país democrático no mundo onde o Judiciário é fraco. Faltou serenidade nas declarações, que é a única forma de solucionar problemas jurídicos. Ele (Damous) agiu com sentimentalismo”.


Para Dalmo Dallari, docente da Universidade de São Paulo - e que também participou do pedido de impeachment contra Jobim - a declaração do presidente da OAB-RJ em nada contribui com a população e o Judiciário: (Grifo nosso)



"Uma questão como esta deve ser debatida no nível mais elevado, por sua importância social", afirma. "As opiniões de quem fala para a mídia tem de ter fundamentação, se não apenas confundem o povo. O povo tem plena confiança no Judiciário, o que é evidenciado pelo aumento do número de pessoas que ingressam com ações na Justiça".



Procurado pelo JB para comentar a declaração de Damous, o ministro Marco Aurélio afirmou que "causa espécie a OAB do Rio de Janeiro adotar esta tentativa de pressão". (Grifo nosso)



Tags: advogado, cnj, judiciário, jurista, justiça, liminar, oab, STF





segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

APLICÁVEL A TEORIA DO CAOS NA POLÍTICA ?



Uma introdução dos conceitos


A teoria de caos é também aplicável em política.


O conceito de caos sugere uma falta de organização, uma desordem na qual incerteza e impreditibilidade predominam. Caos também se refere ao que pode ser chamado de desordem ordenada. A idéia de caos é relacionada com a de complexidade. Sistemas complexos podem exibir comportamento caótico, o que não é uma falta de ordem, mas ordem de uma complexidade que é difícil ou impossível de descrever em termos simples, que não pode ser resolvida com equações simples, que requer narrativa complexa para descrevê-la.


Os padrões em comportamento caótico estão presentes, mas não são regulares ou facilmente previsíveis. Os conceitos de caos podem explicar o comportamento organizacional melhor do que as mais tradicionais explicações de gerenciamento científico, pois organizações são um fenômeno complexo e dinâmico. (Grifo nosso)


Os conceitos de ordem e caos, tanto quanto o conceito de racionalidade, não têm uma significação normativa.


"A ordem não é de per si positiva e o caos não é de per si negativo". (Grifo nosso)


Parece até que entre os dois existe uma mútua dependência. Klaus Schulten, em seu trabalho: Ordem do caos, razão por acaso, analisou a questão de como o cérebro humano usa, para o direcionamento do comportamento racional, o papel construtivo do acaso. A biologia molecular, já há bastante tempo, usa o conceito do caos de forma heuristicamente rica.


O caos é um estado específico do ser, não em uma forma objetivada, mas dinâmica,abrindo-se a todas as possibilidades. A ordem, ao contrário, define lugares e mostra alternativas claras para as mudanças de posição.


"Na forma estética, a contradição entre ordem e caos é dissolvida em favor da ordem". (Eigen eSchuster; 1978; Schulten, 1987 apud BRÜSEKE, 1999).


Sobre caos político em Moçambique: por que só em pleitos eleitorais?


O caos político e a confusão eleitoral em qualquer parte do mundo são qualquer coisa exceto fenômenos confortantes. Apesar disso, a popularidade repentina do caos na imprensa política em Moçambique, que emerge estranhamente em pleitos eleitorais, provoca cada vez menos efeitos de ansiedade e incerteza (apesar depreocupar). Pelo contrário, chama atenção para a necessidade de um compromisso ético com Estado e com o povo moçambicanos.


Chama atenção para a necessidade do respeito da ordem e das instituições políticas democraticamente criadas em Moçambique. Em nada dignificam cenários como estes:"A Plataforma Territorial dos Partidos Políticos Extra-parlamentares, composta por 30 Partidos políticos da oposição, apela à comunidade internacional para aplicar sanções econômicas ao Estado Moçambicano, devido à rejeição das candidaturas dos partidos, pela Comissão Nacional de Eleições [CNE], que veio aser legitimada pelo Conselho Constitucional [CC]; a comunidade internacional nãodeve reconhecer as Eleições de 28 de Outubro de 2009, por estarem feridas deinconstitucionalidade, alega a Plataforma; a comunidade internacional deve retirar imediatamente os fundos alocados ao Governo moçambicano destinados ao financiamento do processo eleitoral e das Iniciativas das Políticas Macro Econômicas do Governo [...]". (CANAL DE MOÇAMBIQUE, 01/10/2009).


Cita-se ainda, que os trinta partidos que constituem a Plataforma dos partidos políticos extra-parlamentares, "estabelece o prazo de 15 dias a contar da datada publicação da presente decisão para resposta plausível". Diz ainda que "`a não observância com rigor desta decisão" fará com que a "responsabilidade e as conseqüências'" recaiam no "'presidente da República, governo de Moçambique, comunidade internacional, União Africana e SADC'".


A plataforma diz ter distribuído um documento com o mesmo apelo aos órgãos do Estado, instituições e organismo nacionais e internacionais, nomeadamente: ao Presidente da República de Moçambique; Presidente da Assembléia da República;União Africana; Secretário Executivo da SADC; Embaixada dos Estados Unidos em Moçambique; União Européia; Comissão Européia; G19; Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional (FMI). (Ibidem)


É completamente equivocado o apelo da referida plataforma. Equivocado porque, desde a assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992 (04 de Outubro) , Moçambique tem sido visto como uma das maiores histórias de sucesso de reconstrução pós-guerra e recuperação económica em África. O País realizou as suas terceiras eleições presidenciais e legislativas democráticas em Dezembro de 2004 (a Frelimo e o seu candidato Armando Emílio Guebuza, foram declarados vencedores),"reafirmando seu compromisso à estabilidade política, governação democratica e reconcialiação nacional."(UNITED NATIONS. Mozambique. 2009).


Vale recordar, que o processo de democratização em Moçambique com cariz pluripartidário foi iniciado com a Constituição de 1990 e concretizado com a realização das primeiras eleições gerais e multipartidárias de 1994 (03 e 04 deOutubro). Para Mbilana (2006), este fato constitui-se num grande marco da história do país, pois, "foi a partir desse momento que se assumiu, no cenário político nacional, a importância das instituições democráticas como reguladorasda expressão de liberdade e igualdade de cada cidadão [...]". (MBILANA, 2006,p.21).


A criação do CNE e CC são exemplos dessas instituições. Trata-se, é claro, da"capacidade do Estado [moçambicano] para institucionalizar volumes conflitantes de interesses populares, e para impor as decisões vinculantes - inclusive aassunção de perdas exigidas por tal institucionalização". (LAVALLE, 2003, p.80).


Foi para salvaguardar a democracia na sociedade moçambicana, que o Estado Moçambicano criou tais instituições, nomeadamente, CNE e CC. Segundo Berger(1973), define-se instituição como um complexo específico de ações sociais, que é também "um órgão regulador, canalizando as ações dos indivíduos, eproporcionando métodos de padronização da conduta humana".


Essa conduta é obrigada a seguir caminhos considerados desejáveis para a sociedade, neste caso seria a PAZ, a DEMOCRACIA e os Direitos e liberdades fundamentais do homem:cidadania. (CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, 2004).


Johnson (1997, p. 130) afirma que "uma instituição é um conjunto duradouro de idéias sobre como atingir metas reconhecidamente importantes na sociedade.


"Esse autor (1997) também aponta que as instituições possuem funções sociais diferentes. Uma delas é exercida pela instituição política, que se destina a gerar, organizar e aplicar o poder coletivo, com o objetivo de manter a ordem e a estabilidade social, defendendo-as contra ameaças internas e externas. As instituições (CNE, CC) exercem o controle social e político através de sua legitimação, ou seja, "da aplicação de normas e regras que orientam osindivíduos a fazerem o que é considerado correto de acordo com o ponto de vista das ordens social, política, jurídica e econômica".


Conforme afirma Brettas (2004), às pessoas que agem de forma contrária a essas regras e normas, os desviantes, são aplicadas sanções e penalidades que têm por finalidade fazer com que esses desviantes corrijam seu comportamento e se adaptem à ordem, ao direcionamento e à estabilidade da ordem vigente. (BRETTAS,2004, p.31).


As instituições do Estado servem exatamente para manter essa estabilidade da ordem vigente. Em seu livro sobre Direito e Democracia: entre a facticidade evalidade, Habermas (2003) afirma que o Estado instaura sua capacidade para a organização e auto-organização destinada a manter, tanto para fora como para dentro, a identidade da convivência juridicamente organizada. (Grifo nosso)


Habermas sintetiza a sua tese da seguinte forma: O Estado [e suas instituições] é necessário como poder de organização, de sanção e de execução, porque os direitos têm que ser implantados, porque a comunidade de direito necessita de uma jurisdição organizada e de uma força para estabilizar a identidade, e porque a formação da vontade política cria programas que têm que ser implementados. [...] O poder político só pode desenvolver-se através de um código jurídico institucionalizado na forma de direitos fundamentais. (HABERMAS, 2003, p.170-171; sobre Moçambique, ver CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA). (Grifo nosso)


Dessa forma, para o caso particular de Moçambique antes de políticos os cidadãos precisam ser estadistas, significa em outras palavras, (1) respeitar a separação de poderes no Estado Democrático de Direito; (2) evitar o equívoco crasso de confundir uma decisão de Estado (CNE; CC) com influência partidária; (3) não atribuir a responsabilidade dos problemas estruturais do país a um partido, mesmo reconhecendo que esse partido (FRELIMO) está a conduzir os destinos de Moçambique desde a luta pela independência nacional, com mérito, sublinhe-se.


Lamentavelmente, dificilmente se investigam e se busca responder as seguintes questões: (a) até que ponto os partidos da oposição em Moçambique (antes a RENAMO e agora também o MDM e a Plataforma acima citada) não têm recorrido à famosa Teoria do Caos e da Vitimização para tirarem proveitos políticos? (b)será que todos os Membros do CC de Moçambique são todos injustos eincompetentes? (c) por que é que os problemas organizacionais dos partidos da oposição em Moçambique têm que ser amputados ao Partido FRELIMO? Dizer que em Moçambique está tudo mal, que não há instituições democráticas e solicitar sanções econômicas para o país, isso sim, é golpe baixo. É tentar ver caos onde não existe e, buscar proveitos políticos se fazendo passar de vítima. Isso é definitivamente, um golpe baixo.


Bibliografia: HABERMAS, Jurgen. Direito e Democracia: entre facticidade e validade. V.1. Riode Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.LAVALLE, Adrián Gurza. Cidadania, Igualdade e Diferença. Lua Nova, nº. 59, 2003pp.77-95.MENNINGHAUS, Winfried. Mitologia do Caos no Romantismo e na Modernidade. Estudosavançados, v.10, n27, 1997, pp.127-138.UNITED NATIONS. Mozambique. <http://www.unmozambique.org/>



INTERESSES POR TRÁS DE DENÚNCIAS CONTRA O JUDICIÁRIO ?

Foto: Presidente da AMB Nélson Calandra



'JB' já havia denunciado interesses por trás de denúncias contra o Judiciário
Desembargadores falam em "orquestração vinda do crime organizado contra o STF"

Jornal do Brasil

Como tem feito ao longo dos seus 120 anos de existência, o Jornal do
Brasil não para de alertar seus leitores com antecedência sobre os contornos do cenário político-econômico do país. Há pelo menos duas semanas em seus editoriais, o JB frisou que a onda de denuncismo contra o Judiciário não era à toa. E que a instabilidade provocada por tais denúncias estava se tornando inevitável e extremamente prejudicial à vida da sociedade democrática brasileira.


Neste fim de semana, os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo trouxeram, com destaque, matérias sobre a crise instaurada no Judiciário desde o final do ano passado. Em ambas as matérias veiculadas, desembargadores de tribunais de Justiça de todo o país veem uma orquestração das denúncias contra o Supremo Tribunal Federal. Mais que isso, uma orquestração às vésperas do julgamento do caso de corrupção mais emblemático e voraz da Era Lula: o mensalão.Magistrado fala em "orquestração de denúncias" e associa caso à proximidade de julgamento dos réus do mensalão.


Durante reunião em Teresina, no Piauí, mais de 20 desembargadores alertaram para aquilo que pode ser o pano de fundo da enxurrada de denúncias contra os magistrados em todo o país, sem citar nomes (como de costume entre os doutores, já que ainda não há nenhuma prova concreta sobre o caso).


As informações publicadas pelos dois diários brasileiros já haviam sido antecipadas pelo JB, conforme pode ser constatado nos editoriais A quem interessa denegrir o Judiciário? e Justiça, o coração da sociedade. Mais uma vez, o JB atenta para o fato de que, num país sem um Judiciário forte e respeitado, não há como se pôr em prática a verdadeira democracia. Quem perde com denúncias infundadas, portanto, é o próprio povo brasileiro.


Assim como também já havia antecipado ao Jornal do Brasil, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Henrique Nélson Calandra, relembrou, no encontro, que o Supremo está sendo pressionado por um grupo que quer abalar um dos poderes mais importantes, o Judiciário. Neste grupo estariam réus do mensalão.


Ao JB, Calandra comparou ainda a quebra de sigilo dos magistrados à ação da KGB, e disse que alguns réus do mensalão podem estar por trás dos ataque às togas. Ele disse ainda que não vê nenhum problema na divulgação pelo CNJ dos salários dos magistrados, desde que os nomes dos juízes não sejam divulgados.


O fato de que a onda de ataques aos juízes ter começado no dia em que o ministro Joaquim Barbosa (relator do mensalão) passou o processo para o ministro do STF Ricardo Lewandowski merece atenção. Na ocasião, quando o processo começou a caminhar para o julgamento, foram levantados os pagamentos acumulados do Tribunal de Justiça de São Paulo.


O presidente do TJ do Piauí, Edvaldo Pereira, opinou no mesmo sentido de Calandra:


"O que a gente percebe, não é de hoje, é que existe um movimento orquestrado de descrédito e desmoralização da Justiça. É difícil a gente apontar esse ou aquele por esse movimento, mas a gente percebe esse interesse", indicou.


Tags: alianças, Corrupção, crime, Governo, Lula, manchar, Mensalão, ministros, organizado, STF



domingo, 29 de janeiro de 2012

STF NÃO VAI SE CURVAR !




STF não vai ser curvar, afirma Marco Aurélio (foto)


Ministro reage à tese de magistrados de que réus do mensalão tentam 'emparedar' Supremo

Mariângela Gallucci, BRASÍLIA - Atualizado à 0h30


O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou neste sábado, 28, que a Corte tem de atuar de forma independente, não se curvando a pressões e ao clamor público. "Vamos atuar pouco importando o aplauso ou a crítica", disse.



Ao ser indagado sobre declarações de magistrados de que por trás da crise do Judiciário estaria o processo do mensalão e de que o STF estaria "emparedado", como revelou o Estado, o ministro foi direto: "Nessa quadra psicodélica, tudo é possível." Procurado por meio de sua assessoria, o presidente do Supremo, Cezar Peluso, não quis comentar as manifestações feitas pelos magistrados durante um encontro em Teresina, no Piauí.


Para Marco Aurélio, ao contrário do que deveria ser, existe atualmente no Supremo "uma preocupação muito grande em relação à repercussão das decisões". "O dia em que atuarmos de acordo com o clamor público estaremos mal", afirmou. "Nos meus quase 22 anos de STF nunca houve isso."


O ministro lembrou que já disse no plenário do STF que a magistratura está intimidada. "Será que o Supremo também está?". Ele citou o fato de o tribunal não ter julgado no ano passado a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que questiona o poder do CNJ de iniciar por conta própria investigações contra magistrados suspeitos de envolvimento com irregularidades, apesar de ela ter sido colocada na pauta do plenário semanas antes.


"Qual foi a sinalização quando deixou de chamar a Adin (do CNJ)? Qual é a leitura que se faz? Só o ingênuo não percebe", afirmou. Diante do fato de o plenário não ter julgado o processo, Marco Aurélio decidiu sozinho o pedido de liminar, determinando que o CNJ inicie investigações contra magistrados somente após os tribunais locais já terem apurado as suspeitas.


O processo sobre o poder de investigação do CNJ foi colocado novamente na pauta do plenário e o julgamento está previsto para a próxima quarta-feira. Na ocasião, os ministros definirão se a liminar de Marco Aurélio será ou não mantida.



sábado, 28 de janeiro de 2012

DE QUEM É A CULPA ?




Juízes culpam mensalão por crise do Judiciário


Entre os 38 réus, pontuam os magistrados, vários ainda têm força política aqui e ali



Fausto Macedo, enviado especial - 28/01/2012 - 08:12



Com os nervos à flor da pele, resultado da crise de credibilidade após revelações de movimentações financeiras atípicas de magistrados, a elite da toga, reunida em Teresina, apontou na sexta-feira (27) interesses de "emparedar" o Supremo Tribunal Federal exatamente no ano em que será julgado o maior escândalo da Era Lula.


O mensalão pode ser o pano de fundo da turbulência que atravessa a magistratura, desconfiam líderes da classe, doutos desembargadores e desembargadoras que presidem os 27 Tribunais de Justiça do País e que estão reunidos desde quinta-feira (26) para debater o "aprimoramento das atividades" do Poder que julga.


Sem citar explicitamente os nomes dos inimigos - por cautela, até que se prove o contrário, como manda o rito processual, adotam o silêncio quando instados a identificar quem os aflige -, magistrados acreditam que "alguns réus" do processo criminal que desafia o STF ou pessoas ligadas a eles estão à sombra de uma trama bem urdida para desestabilizar o Judiciário. Entre os 38 réus do mensalão, pontuam os magistrados, vários ainda têm força política aqui e ali.


"O Supremo está emparedado por pessoas que querem abalar os alicerces do Judiciário",brada Henrique Nélson Calandra, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a mais poderosa e influente entidade da toga, com 15 mil magistrados a ela agregados.


"Que processo o Supremo vai julgar proximamente? O mais importante de todos os processos", diz Calandra. "Alguns réus podem estar por trás disso (dos ataques à toga). Que tem, tem. Eu não estou falando do Zé Dirceu (ex-ministro chefe da Casa Civil de Lula), ele foi meu colega da faculdade. Mas é estranhíssimo que no dia em que o ministro Joaquim Barbosa (relator do mensalão) passa o processo para Lewandowski aí vem essa onda toda, que ele (ministro Ricardo Lewandowski) levantou (pagamentos acumulados do TJ-SP). Acho que tem alguma coisa esquisita nisso tudo", sentencia Calandra.


O desembargador Marcus Faver, dirigente máximo do Colégio de Presidentes dos TJs, também faz suas conjecturas. "O Judiciário brasileiro está sofrendo um abalo nas suas estruturas. A quem interessa abalar as estruturas de um Poder constituído e que defende os princípios democráticos de um País?", indaga Faver, que foi presidente do Tribunal de Justiça do Rio e integrou a primeira composição do CNJ.


"Pode até ser gente de fora (do rol dos mensaleiros), não é? Mas ligada a esse grupo", conspira o presidente da AMB.


Ivan Sartori, presidente do TJ de São Paulo, maior corte do País, vai na mesma toada. "Acho que existe sim um movimento contra o Supremo. Não sei qual é a razão. Há várias especulações. Esse movimento vem de lados que não sabemos de onde, mas que vem se utilizando da imprensa com certeza. Alguns especulam que seria do caso do mensalão, outros especulam que seria simplesmente uma divergência, uma dissonância entre o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e o Supremo.


A verdade é que existe uma situação de hostilidade, pelo menos a imprensa demonstra, contra o STF por interesses que não sabemos, por enquanto, quais são. Vamos ter que apurar", prega Sartori.


Com a palavra Edvaldo Pereira de Moura, desembargador, presidente do TJ do Piauí, 64 anos, "magistrado de carreira desde 14 de julho de 1977": "O que a gente percebe, não é de hoje, é que parece que existe um movimento orquestrado de descrédito e desmoralização da Justiça. É difícil a gente apontar esse ou aquele por esse movimento, mas a gente percebe esse interesse.


O Calandra indica que esse processo (do mensalão) é que motivaria essa preocupação com a desestabilização".CartaAo fim do encontro, os magistrados endossaram, por unanimidade, carta em que manifestam a preocupação com a crise. Com apenas quatro itens, a carta manifesta "profunda preocupação com o momento vivido pelo Poder Judiciário em face da notória exposição negativa a que tem sido submetido em detrimento da democracia". Enfatizam, ainda, "a importância de ser integralmente preservada a autonomia dos tribunais".


Sobre a divulgação das movimentações financeiras da classe, cutucam o CNJ ao enfatizar que "o ordenamento jurídico brasileiro impõe a necessidade de autorização judicial para a quebra de sigilo fiscal e bancário, em respeito à dignidade humana". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



POLÍCIA DEVE ABORDAR USUÁRIO DE DROGAS ?





Ministro da Saúde diz que polícia não deve abordar usuário de droga


'Papel deles é reprimir o tráfico', afirmou Alexandre Padilha, ressaltando que papel é de assistência social



Tiago Décimo - O Estado de S.Paulo


SALVADOR - O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse nesta sexta-feira, 27, em Salvador, que não é papel da polícia fazer abordagens a usuários e dependentes de drogas. "O papel da polícia é reprimir o tráfico, o traficante", afirma. "As pessoas que estão em situação de dependência química têm de ser abordadas por profissionais de saúde e de assistência social. Eles é que devem avaliar o risco que essas pessoas estão correndo e qual a melhor forma de tratar." (Grifo nosso)


Veja também:





Padilha participou, na tarde de hoje, da inauguração de um Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (Caps-AD) em Salvador, chamado Gregório de Matos. A unidade integra o Programa Crack, É Possível Vencer, lançado em dezembro pelo governo federal. Para Padilha, o consumo de crack no País é "uma epidemia".


Ocupando parte das instalações da antiga Faculdade de Medicina da Bahia, em um prédio histórico - concluído em 1893 - do Pelourinho, a unidade tem capacidade para atender 190 pessoas por mês. Foram investidos R$ 713 mil no local.


O Caps-AD Gregório de Matos também contará com uma unidade do Consultório na Rua. "O Consultório na Rua é móvel, trabalha em horários alternativos - até meia-noite ou mais tarde - exatamente para fazer uma busca ativa dessas pessoas que estão em situação de dependência química, para que possam cuidar dessa pessoa", explica Padilha. "Isso é para que até a pessoa que vive na rua possa ter atendimento continuado contra a dependência."


Segundo o secretário de Saúde da Bahia, Jorge Solla, a escolha pelo Pelourinho para a instalação do Caps-AD é estratégica. "Esta região é uma das áreas de maior presença do problema (tráfico e consumo de entorpecentes) na cidade, e a unidade vai facilitar o acesso dos dependentes", afirma.





NOTA DO EDITOR: O Ministro Padilha demonstra desconhecer a realidade que assopra o pescoço de quem vive nas ruas, seja policiando, seja delinquindo. Só se sabe da condição de traficante ou usuário quando da abordagem policial ou mesmo, em grande parte das vezes, no curso do devido processo penal, afinal ninguém anda com uma placa se dizendo usuário ou traficante de drogas, status que só as circunstâncias, natureza e condição da droga encontrada permitiram definir. A Lei n. 11.343/2006 ainda criminaliza a conduta daquele que porta ou guarda droga para uso próprio, do contrário não iria prever a aplicação de uma pena alternativa que, se comparada à antiga Lei n. 6368/1976, demonstra o viés despenalizante do legislador para com aquele que porta, guarda ou tem em depósito droga para uso próprio.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

LEI DAS PALMADAS !



Não gosto do politicamente correto: ele muitas vezes tem um ranço de hipocresia. Não devo dizer que alguém é negro, mas os próprios negros falam em raça negra, cultura negra etc. Não seria muito mais respeitoso usar o termo habitual, assim com dizemos branco, japonês, alemão, turco, polonês ? O politicamente correto em muitos casos, como neste, aumenta a discriminação. Será politicamente incorreto, daqui a pouco, dar uma plamada num menino travesso demais ? Sou contra qualquer violência, mas me assombra a tal lei da palmada, ainda esperando aprovação no Senado: considero a tal lei uma excrescência a mais na nossa legislação e na nossa cultura. E é perigosa, numa sociedade que vai ficando denuncista e policialesca cada vez maiores seus olhões de big brother.


Mil dúvidas me ocorrem. Quem vai avaliar o que é palmada forte, bofetada humilhante no rosto ou aviso carinhoso, leve tapa sobre uma bundinha bem acolchoada de fraldas ? Quem vai, sobretudo, denunciar ? Penso que haverá filas de acusadores: a vizinha invejosa, a funcionária ofendida a ex-mulher vingativa o ex-marido raivoso. Receio que, se aprovada e efetivada, ela não vá ser aplicada, como tantas leis tolas entre nós (e algumas úteis que não deveriam ser ignoradas). Ou, se aplicada, vá desencadear uma onda de confusões, insegurança, injustiças, intromissões indevidas. Aberta a porta para um controle nada democrático, uma ditatorial interferência do estado na vida familiar e nas relações pessoais mais próximas.


Esse o grande perigo, essa a cara feia de tal novidade. Parece que se criou no país até mesmo um "plano nacional de convivência familiar", no mínimo, bizarro. Para nos ensinar a ser mais gente, seria preciso, em lugar de intervir em nossas casas e se intrometer em nossa vida, dar condiçoes de sermos menos agressivos por ignorantes ou estressados. Isso significa, em lugar de um olho intrometido e humilhante, mais segurança, saúde, moradia, educação - ah, a educação, esse botão que aperto mil vezes ao dia e tanto comento.


Será que os políticos não têm coisa mais importante a fazer além de inventar uma lei tão antidemocrática, antipedagógica, e anti-qualquer-bom-senso, como, por exemplo, votar leis que têm a ver com o bem-estar do cidadão comum ? Desengavetar e fazer funcionar tantos projetos trancados por incompetência ou desinteresse, exercer a verdadeira política, resgatar tanto dinheiro empregado em outras coisas ou desaparecido em frestas de mesas-de-não-trabalho de muita gente por aí ?


Não é uma lei invasiva que vai nos tornar melhores pais, melhores educadores, melhores pessoas. É a cultura, são as condições sociais, econômicas e culturais, é a educação que informa direito, é a construção de nossa identidade pessoal, nossa bagagem de valores, os elementos básicos que os governos nos oferecem para que a gente possa evoluir. Em resumo, é a arquitetura de nós mesmos, enquanto povo e indivíduos decentes - incluindo como tratamos criamos, amamos, educamos quem depende de nós.


Considero um desperdício de energia política essa lei da palmada, quase impossível de aplicar sem que ocorram aberrações, quase impossível de encarar com respeito e seriedade. Além de querermos infantilizar eternamente nossos jovens dando-lhes privilégios como a meia-entrada até quase 30 anos, quando deveriam estar estabelecidos, com família formada, crescendo na profissão, vida em pleno funcionamento, ainda queremos nos meter nas casas, nos quartos, na vida pessoal dos adultos, vigiando-os com se fossem crianças arteiras. Bem mais graves do que um ocasional palmada (não falo em surra, bofetada, sofrimento físico) são, de parte dos pais, a frieza, a futilidade, o desinteresse, a falta de uma autoridade amorosa, de vigilância e cuidado. A humilhação verbal, a crítica constante, a ironia. A lista é longa. Que o novo ano nos traga um pouco mais de bom-senso e de bom humor, e verdadiro interesse por coisas que verdadeiramente precisam dele.



Fonte: LYA. Luft. Mais grave do que palmadas. VEJA. 2250ed., Ano 45, Nº 1, 04 de janeiro, 2012, p. 18


NOTA DO EDITOR: Concordamos em gênero, número e grau com a escritora.

CNJ DECIDE SOBRE FÉRIAS DE MAGISTRADOS





CNJ determina que juiz só pode gozar férias após o primeiro ano na magistratura.


O gozo do direito de férias pelo juiz é adquirido após um ano na magistratura. Essa é a determinação do CNJ, que negou pedido de providências da Asmego - Associação dos Magistrados do Estado de Goiás para que o TJ/GO reconhesse o lapso de seis meses para a aquisição do direito ao gozo de férias pelos juízes no primeiro ano de exercício da judicatura.


Em decisão monocrática, proferida no dia último dia 17, o relator, conselheiro Neves Amorim, entendeu que o gozo das férias pelos magistrados "deverá obedecer aos regramentos da CLT e do Estatuto dos Servidores Públicos da União".


No processo, a Asmego requereu que o TJ/GO concedesse aos juízes, ainda no primeiro ano de exercício do cargo, a possibilidade de usufruirem férias proporcionais ao período trabalhado, com a gratificação de 1/3 correspondente.


A entidade alegou que os magistrados têm dois meses de férias por ano, por isso, o período aquisitivo seria de seis meses para cada um mês de férias. Chamado a se manifestar, o Tribunal goiano esclareceu que apenas segue a própria orientação do CNJ e as diretrizes fixadas na Loman e no Código de Organização Judiciária do Estado de GO, que fixam o tempo de um ano como período aquisitivo para o gozo do direito de férias.



quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

JUSTIÇA - O CORAÇÃO DA SOCIEDADE






A onda de denuncismo que já atingiu o Legislativo e corrói o Executivo, está agora em pauta no Judiciário. Se por um lado este movimento traveste-se de apelo à moralidade e à lisura, por outro torna iminente uma perigosa perspectiva: a do caos na sociedade.


Todos os momentos em que o Judiciário foi atacado e perdeu seus poderes, a instabilidade se instalou entre os cidadãos. A Justiça é o coração da sociedade. Sem ela, não é possível viver.


Um exemplo claro disso aconteceu semanas atrás, quando policiais do Ceará entraram em greve. Sem PMs - um braço da Justiça - nas ruas, arrastões e assaltos deixaram a população em pânico. Lojas fecharam suas portas, famílias se abrigaram em suas casas e trabalhadores buscaram abrigo.


Mais recentemente, um fato acontecido em Pinheirinho, em São Paulo, também mostrou a importância da presença da Justiça para o restabelecimento da ordem. Em protesto, a população chegou a queimar prédios públicos, numa mostra do que é possível acontecer sem a presença da força e da ordem.


A desmoralização do Poder Executivo deixa à mostra as cicatrizes deste processo. Fernando Collor de Mello foi retirado da Presidência do país por causa da corrupção. Com José Sarney, o Brasil viu os números da inflação subirem para índices recordes. Mais tarde, um petista foi eleito pelo povo pobre e se transformou num ídolo, mas teve seis ministros derrubados.


No Legislativo, a desmoralização continua: dos anões do orçamento ao escândalo do mensalão, uma sequência de denúncias manchou o Congresso e estimulou o desrespeito da população.


Há mais de 30 anos vários estados do Brasil vivem sob o domínio de famílias que se perpetuam no poder, como os Sarney e os Magalhães. Mais uma vez, esta prática compromete a democracia e contribui para a destruição dos poderes nacionais.


Um país pode viver sem a sua "cabeça" - Poder Executivo, sem seus "membros" - Poder Legislativo - , mas não pode viver sem seu "coração" - Poder Judiciário.


A desmoralização da Justiça e do Judiciário não faz bem à sociedade.


E o Jornal do Brasil sabe muito bem disso.


Ao longo dos seus 120 anos, o JB sempre esteve ao lado do que é justo é certo. Nos momentos mais difíceis de nossa vida política, abraçou com coragem a causa, não abrindo mão da verdade e da liberdade.


O respeito pela instituição "Justiça" é um princípio do Jornal do Brasil. Acatamos sem pestanejar suas decisões. Pagamos dívidas que sequer construímos, quitamos débitos contraídos por outros no passado, numa clara demonstração do quanto as deliberações jurídicas nos são imperativas.


E neste contexto, não deixaremos que a instituição "Justiça" seja desmoralizada com denuncismos escusos e sem um objetivo claro.